quarta-feira, 6 de março de 2013

A transição na carreira não precisa ser complicada



Seja qual for a fase da sua vida, o ser humano sempre passará por momentos de mudanças e isso inclui fatos relacionados tanto na vida pessoal quanto profissional. Quando chega o momento de transição de carreira é preciso avaliar o que realmente se deseja, pois qualquer decisão precipitada pode gerar resultados contrários ao que se tanto almeja. Mas, como saber se chegou o momento certo de dar um novo rumo à trajetória profissional? O RH deve tentar reter um talento estratégico que deseja desligar-se da empresa ou é melhor deixá-lo ir à busca de novos desafios? 
Para responder essa e outras perguntas que envolvem o momento de transição de carreira, o RH.com.br entrevistou Caroline Pfeiffer Marinho, diretora da LHH|DBM. Responsável pelo desenvolvimento e consultoria de projetos de Gestão da Mudança, Talent Development, Coaching e Transição de Carreira, ela afirma que talvez a primeira pergunta a ser feita pelo próprio RH é se ele deve ou não fazer o esforço de reter aquele talento que deseja desligar-se da organização. "Primeiramente ouça o profissional, afinal talvez este talento tenha argumentos tão consistentes que, de fato, o faça entender que ele só terá uma melhor performance, atuando em outro lugar", argumenta. Confira a entrevista com Caroline Pfeiffer Marinho e tenha uma agradável leitura!


RH.com.br - Quais os principais fatores que têm contribuído para que os profissionais busquem novas oportunidades no mercado, mesmo que esses já atuem há anos em uma mesma empresa?
Caroline Pfeiffer Marinho - Podemos dizer que é sempre a soma de vários fatores que faz com que um profissional busque uma transição de carreira. Dentre esses, podemos destacar, como exemplo, os aspectos financeiros, a realização pessoal, a mudança de ambiente e o desafio. Em alguns casos, até mesmo de região geográfica pode ter influencia nesse processo. É claro que um mercado "comprador" também instiga os profissionais a buscarem esta transição. Já em um mercado mais contraído, essa busca por novas oportunidades tende a diminuir.


RH - A senhora acredita que a busca da melhoria pela qualidade de vida influencia a transição de carreira?
Caroline Pfeiffer Marinho - Penso que a busca pela melhoria da qualidade de vida pode ser um dos fatores que impulsionam o profissional. A armadilha aqui é o quanto essa tão sonhada qualidade de vida será encontrada no novo emprego ou se o profissional levará consigo toda sua bagagem que o impede de ter uma atitude diferente frente ao trabalho, tendo, às vezes, até que modificar suas expectativas em relação ao retorno financeiro ou ao reconhecimento que vem de sua performance.


RH - Então quem busca novas oportunidades, visando uma melhor qualidade de vida precisa ter cuidado?
Caroline Pfeiffer Marinho - Sim e é fundamental, primeiramente, definir-se o que é qualidade de vida para cada indivíduo. Para algumas pessoas isto significa, por exemplo, ter horário flexível podendo exercer suas atividades às 10 da manhã ou às 22 horas. Já para outros profissionais pode ser exatamente o contrário: para ter qualidade de vida é preciso ter horário fixo para manter uma rotina.


RH - A economia brasileira também tem influenciado a busca por novas oportunidades no mercado? 
Caroline Pfeiffer Marinho - Aqui a lei da oferta e da procura tem exercido influencia sim. Os ciclos econômicos dão ao profissional maior ou menor possibilidade de escolha. À medida que tenho um mercado com escassez de pessoas com minha expertise eu poderei identificar aquelas oportunidades que melhor se alinham com as minhas necessidades em relação à cultura da empresa, ao perfil do meu potencial gestor, à possibilidade de crescimento e aos tipos de desafios e, até mesmo, à expectativa financeira.


RH - Esse comportamento dos profissionais revela mudanças significativas nas nossas empresas? 
Caroline Pfeiffer Marinho - A meu ver, esse comportamento revela que cada vez mais se trata de uma escolha mútua. Não é apenas a empresa que escolhe o candidato, mas também o candidato avalia a organização em que ele quer atuar. Isso certamente é uma mudança de modelo. Anteriormente fatores como segurança financeira eram quase que suficientes para ser um bom empregador. Hoje fatores como qualidade das relações internas e externas da empresa, responsabilidade social e capacidade de atender às necessidades de carreira individuais são quesitos que são colocados na mesa pelos profissionais.


RH - Em sua opinião, a transição de carreira sempre será o momento mais delicado na vida de um profissional?
Caroline Pfeiffer Marinho - Não necessariamente. Por quê? Porque eu posso ter um momento delicado ao ser promovido, expatriado, ter minha área funcional alterada, estar em uma empresa que é comprada por outra. Existem vários momentos que podem ser críticos na história de vida e carreira de um profissional. O que determinará qual será o momento do "pulo do gato" ou de frustração dependerá do quão preparado e consciente de qualquer movimento um profissional está e o quanto ele é capaz de transformar dados de realidade em experiência ou frustração. Quanto maior minha capacidade de transformar acontecimentos em experiência melhor. Para isso é fundamental que o profissional esteja preparado para lidar com as mudanças da organização, do mercado, do mundo, mas acima de tudo com o impacto que elas causam nele próprio. Em alguns momentos é até necessário saber fazer do limão uma deliciosa limonada.


RH - Quando um talento estratégico revela que pretende deixar a empresa, que tipo de ação o RH deve adotar para tentar reverter essa perda?
Caroline Pfeiffer Marinho - Talvez a primeira pergunta a se fazer é se deve ou não fazer o esforço de reter o talento. Primeiramente ouça o profissional, afinal talvez este talento tenha argumentos tão consistentes que, de fato, terá uma performance melhor em outro lugar e não há nada que eu, enquanto profissional de Recursos Humanos, possa oferecer para que ele desempenhe seu máximo potencial. Retê-lo seria condená-lo à mediocridade. Por outro lado se como Recursos Humanos e, principalmente, como líder do colaborador, sou surpreendido com a insatisfação do profissional, este é um sinal de alerta de que preciso estar mais atento e manter conversas mais frequentes com a minha equipe para não ter outro susto desses. Mas, ainda sim, uma boa conversa pode levantar as verdadeiras razões e, eventualmente, ser construído um plano de ação conjunto, organização e profissional, para que a situação seja revertida.


RH - Geralmente, quais são os efeitos que uma empresa tem ao perder um profissional diferenciado?
Caroline Pfeiffer Marinho - As consequências tangíveis são as do tempo de recrutamento, seleção, reposição, integração de um novo profissional, além daquelas difíceis de mensurar que dizem respeito à perda do resultado potencial, isto é, futuro daquele indivíduo, além do impacto no clima organizacional. Por vezes, a saída de mais de um profissional de uma mesma área, cria uma percepção de "mal empregador" para aqueles profissionais que ficam na empresa.


RH - Alguma consideração final para quem vivencia uma transição de carreira?
Caroline Pfeiffer Marinho - Para aqueles que buscam uma transição é importante ter um checklist dos itens que devem ser investigados em seu futuro empregador. Não se iluda com seus desejos imediatos de uma mudança, não se seduza pelas promessas superficiais de uma entrevista. Efetivamente investigue suas próprias motivações, fatores de satisfação e insatisfação profissional e se certifique de que as empresas que você abordará ou que te buscarem efetivamente farão frente a estas questões. Busque referências de seu futuro empregador, como buscarão de você.


Por:Patrícia Bispo
Formada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo, pela Universidade Católica de Pernambuco/Unicap
rh.com.br
Comunicação LCA Treinamentos & Consultoria

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