Acompanhem comigo o caso da Enfermeira-chefe e da Atendente de Enfermagem…
Era um dia de domingo, o hospital estava tranquilo. A rua, lá fora, estava com pouco ou nenhum movimento. Carros e gente, usualmente tão frequentes naquele trecho, neste dia estavam quase ausentes.
No sábado à noite, a experiência havia sido diferente, positiva, e agradável. Embora fosse um momento em que normalmente se está dedicado a lazer, passeio e diversão, passar aquela noite no hospital tinha seu lado positivo.
No domingo pela manhã, a enfermeira-chefe entrou no apartamento do paciente, com um andar firme e rápido. Sem se apresentar ou cumprimentar, perguntou o que houve, e porque haviam apertado o botão de chamada com tanta insistência?
No sábado à noite, a Atendente de Enfermagem chegara, sorridente e envolvente, e foi logo se apresentando, dizendo nome, função, e que estava iniciando o plantão, durante o qual iria ficar cuidando do paciente.
Ela, sem nenhuma intenção de parecer simpática, falou com altivez e objetividade, enquanto caminhava a passos firmes e seguros, dirigindo-se ao paciente como um professor se dirige a um aluno rebelde e indisciplinado.
Alegre e sorridente, ela parecia feliz em passar o sábado à noite cuidando de quem tanto cuidado inspirava e precisava.
O paciente, enfermo e debilitado, sentiu a truculência da abordagem, e meigamente, informou que estava sentindo dores fortes, além de apontar bolhas na “mangueirinha” que o alimentava com soro e medicamentos.
Pouco depois, ela chega e, anunciando o nome do paciente, informa estar trazendo uns remedinhos, que é para ele ficar bom e no próximo sábado, passar a noite num lugar bem diferente e distante de hospital.
Enquanto falava, o paciente era questionado, com perguntas rápidas, firmes e objetivas, num tom de quase ordem, pela profissional de enfermagem. Isso mesmo, enfermagem, uma profissão tão bonita e dedicada a transmitir paz e tranquilidade a enfermos e familiares!
Mais adiante, na troca de soro, ela brinca com o paciente, dizendo que “este sorinho é para ajudar a recompor a energia, para dar alegria e vontade de viver“.
Aturdido e sentindo-se incompreendido, o paciente foi ficando cada vez mais submisso, quase que perdendo a vontade de falar. E viver. E sua preocupação com as bolhas de ar foi desqualificada, diante um “isso não tem problema algum!”
Já perto da hora de dormir, aparece ela novamente, entrando no apartamento meio em silêncio meio cumprimentando, avisa que passou para “dar uma olhadinha e ver se está tudo bem”. Ao perceber a janela mostrando uma bela noite, brinca com o paciente dizendo “só está faltando a lua cheia para deixar a noite ainda mais bonita, não é mesmo?”.
Por fim, a enfermeira-chefe informou que deixassem as coisas como estão, que não há porque questionar a conduta, pois ela sabe muito bem o que está fazendo!
Pra fechar a noite com chave de ouro, ela vem cumprimentar, colocando-se à disposição para uma eventualidade noturna, e brinca, mais uma vez, dizendo que “fez de tudo para sua saúde, mas que espera que não goste tanto do atendimento dela a ponto de não querer mais ir embora para casa!”
O paciente ficou a refletir sobre as razões que levam uma pessoa que decide trabalhar em saúde, e tem uma postura tão arrogante.
- Meu Deus, por que uma pessoa desta resolve trabalhar em saúde?
- Não havia outra profissão para ela escolher?
- Será que aconteceu algo no dia anterior, que ela perdeu para poder cumprir a agenda de trabalho no domingo? Alguma festa? Um jantar com o namorado? Um show de verão?
- Será que ela perdeu algum programa de domingo tão desejado, para dar conta do plantão? O domingo com amigos? A praia com a família? O passeio nas dunas?
O paciente ficou a refletir sobre as razões que levam uma pessoa que decide trabalhar em saúde, e tem uma postura tão agradável.
- Como alguém consegue ser tão simples, simpática e serena?
- Não havia outra profissão para ela escolher. Está na profissão certa!
- Ela bem que poderia passar este jeito bom de atender e servir, a outras pessoas!
- E pensar que, em pleno sábado à noite, ela serviu tão bem!!!
Independente do que tenha ocorrido, cabe ao bom profissional dar conta de sua mente, para poder cuidar de gente, como se fosse gente!
Independente do que tenha perdido para estar ali cumprindo seu papel de profissional de atenção à saúde, um bom profissional se “despe” de seus desejos e vontades, e se veste de “gente servindo gente”.
Fonte: www.klebernobrega.wordpress.com.br
Comunicação LCA Treinamentos & Consultoria
Nenhum comentário:
Postar um comentário