Acordar todos os dias, bem cedinho, tomar o café da manhã, levar os filhos na escola e seguir direto para o trabalho, para realizar uma série de atividades que, várias vezes, tornam-se repetitivas. Final de expediente, retornar ao lar, resolver questões domésticas, para no dia seguinte ver o filme "ser repetido".
Certamente, essa é a rotina de milhões de profissionais em todo o planeta e isso faz com que grande parte chegue a determinado momento de suas vidas e se sintam desmotivados para cumprir a sua jornada diária. Esse "sinal de alerta", essa desmotivação quando não é identificada e neutralizada pelo funcionário ou mesmo pela própria empresa acaba por gerar consequências que esbarram nos resultados da organização, e como em uma "bola de neve" que desliza montanha abaixo aumenta e pode culminar no aumento da taxa de turnover, do retrabalho, do presenteísmo, entre outros fatores que tanto preocupam o âmbito organizacional. Para falar sobre a questão da motivação no dia a dia das empresas e dos talentos, o RH.com.br entrevistou o palestrante e escritor Gilclér Regina. De acordo com ele, nos dias atuais, mais do que em qualquer outro tempo, gerar resultados e garantir a satisfação de pessoas tornaram-se pontos vitais de extremo significado para qualquer empresa. "O profissional motivado é o espelho, pois as pessoas se refletem nele. Motivar é saber identificar quais são os verdadeiros talentos e principalmente reter estes talentos, passa ser o maior segredo de qualquer negócio que queira ser competitivo e se diferenciar da multidão", enfatiza.
Confira a entrevista na íntegra, pois mais do que nunca tanto as organizações quanto os talentos precisam ficar atentos a fatores que promovam a desmotivação, pois só dessa maneira conseguirão se fortalecer e encontrar alternativas para superar momentos cada dia que se vivencia. Boa leitura!
RH.com.br - Profissional motivado é sinônimo de alguém que chega "esbanjando" alegria no ambiente de trabalho?
Gilclér Regina - Nos dias atuais, mais do que em qualquer outro tempo, gerar resultados e garantir a satisfação de pessoas tornaram-se pontos vitais de extremo significado para qualquer empresa. E o profissional motivado é o espelho, pois as pessoas se refletem nele. Motivar é saber identificar quais são os verdadeiros talentos e principalmente reter estes talentos, passa ser o maior segredo de qualquer negócio que queira ser competitivo e se diferenciar da multidão. Não são raras vezes que a empresa confunde suas equipes com uma atitude de liderança equivocada. Um bom exemplo é o de promover o melhor vendedor ao cargo de gerente de Vendas. Neste caso, muitas vezes, como exemplo, perde-se o melhor vendedor e se ganha o pior gerente. Não que isso seja regra, mas acontece com frequência nas empresas. Então, seja líder ou qualquer outra pessoa dentro da organização, ser motivado não é somente chegar como se tivesse chegado de balão, com estardalhaço. Ser motivado é ser presente, ajustado dentro das necessidades, identificando oportunidades, interagindo com as pessoas.
RH - Como o profissional deve agir para se manter motivado diante de um momento de tanta instabilidade, como a vivenciada pela realidade brasileira?
Gilclér Regina - Motivar pode ter vários significados, porém o mais importante é saber identificar qual a opção mais indicada para cada um. Pode ser muito arriscado somente fazer planos com base no dinheiro, pois cada vez precisará de mais. Quando alguém começa a se sentir desmotivado, passa a colocar a culpa no mercado, na concorrência, no preço e cria barreiras para si próprio, afirmando que não consegue ultrapassar. Meu conselho para quem vive desmotivado é o seguinte: perdeu a vontade de trabalhar, porque não é reconhecido? Então trabalhe para você mesmo, sempre dando o seu melhor. Um dia alguém verá o seu esforço e o seu talento e virá lhe buscar ou lhe promover.
RH - A motivação individual pode ser disseminada para a equipe? Como isso pode acontecer na prática?
Gilclér Regina - O mundo está recheado de histórias de sucesso de pessoas que se superaram por causa de suas atitudes positivas mesmo quando o barco estava naufragando. O resto é história de desmotivados. Então, se as empresas investem em conhecimento deveriam investir muito mais em comportamento, isto é, treinamentos que visem o comportamento, o foco motivacional. E se você, como líder é espelho, começa a mostrar a equipe que uma palavra convence e um exemplo arrasta multidões.
RH - Se por um lado cabe ao colaborador esforçar-se para não cair no desânimo, a empresa também deve manter-se sempre presente para que seu time não seja "contaminado" pela falta de motivação?
Gilclér Regina - Sim, simplesmente porque o equilíbrio é a palavra. Não se pode dissociar a empresa da pessoa ou a pessoa da empresa. Eu amo a honestidade da Bíblia! Não é a história de super-homens! Não é a história de intocáveis! Não é a história de estrelas! É o registro da vida de gente como eu e você! Gente deste planeta! Gente de carne, sangue, músculos, nervos, pele... Gente que cansa, fraqueja, desanima, chora e, às vezes, desiste. O que nos garante é que sempre, de algum modo, em algum momento, a vida explode outra vez. A vida renasce. A empresa e o colaborador precisam estar sintonizados no mesmo canal, cada um gerando seu esforço para o bem comum que é o de todos. O fator que mais tem desmotivado as pessoas nas empresas é a falta de perspectiva. Existem empresas nas quais, entra ano, sai ano, tudo continua igual ou piora um pouco. Todos somos parecidos, ou seja, podemos até passar um tempinho no purgatório, na antessala do paraíso, mas, nas empresas em que o purgatório diário é o próprio inferno, não há motiva¬ção que resista.
RH - De que maneira as empresas podem oferecer "doses de motivação" aos seus talentos?
Gilclér Regina - Quando trabalhamos motivação no mundo, seja ele corporativo, familiar, associativo, mudam-se os personagens, a história repete-se. A motivação é aquilo que faz a diferença e quando não se tem, deixamos que as oportunidades batam à nossa porta e não abrimos. Essa porta poderia ser uma tremenda possibilidade de acerto. As empresas podem decididamente treinar e melhorar o foco da educação, oferecendo possibilidades de crescimento à equipe, o que por si só, geraria um caminho de crescimento e comprometimento.
RH - Diante de sua experiência como consultor, que fatores mais contribuem para que os profissionais sintam-se desmotivados nas empresas em que atuam?
Gilclér Regina - Essa é uma questão que tenho debatido muito. As pessoas querem incentivar e motivar suas equipes, mas não perguntam efetivamente: "O que motiva" ou "O que incentiva?". E acabam tomando rumos errados. Creio também que um dos fatores que mais contribuem para a desmotivação da equipe é a falta de um clima harmonioso e camaradagem. Tem gente que confunde ter um clima competitivo, significa ficar se matando uns aos outros. Mas é o que acontece em muitas empresas por aqui, muitas delas reconhecidas pelo mercado, mas que acabam sofrendo diretamente com o alto índice de turnover e matando muitos talentos ou os enviando diretamente ao principal concorrente gerando novos tipos de problemas, agora de mercado. Vale pensar numa política de incentivos que acerte tanto no Va¬rejo como no Atacado, ou seja, programar, dar vida a ideia, seja por uma atuação localizada, seja global.
RH - Geralmente, quais são os equívocos mais recorrentes quando as empresas observam que seus times estão na "zona de conforto" e precisam ser motivados?
Gilclér Regina - A "zona de conforto" é um apelido bonitinho para preguiça e acomodação. Quem não quiser comer poeira não coloca seu carro neste estacionamento. Quem age na "zona de conforto" somente dentro daquilo que sabe, ou seja, seu conhecimento relacionado à sua formação e sem coragem para se reinventar, desbravar fronteiras, movimentar-se com inteligência, é como o elefante de circo amarrado ao pequeno toco. Como foi amarrado desde pequeno, agora que é grande acha que o toco continua sendo uma força intransponível. A empresa precisa ficar atenta. O maior erro vem daqueles que não treinam achando que as pessoas irão para a concorrência. Ora, o pior é não treinar e a pessoa ficar. Não existe equívoco maior. Então, o caminho é educar e treinar, treinar e treinar... O final desse filme todo mundo já sabe, quem é ativo, fica, que fica estagnado acabará substituído com o argumento de que a empresa estará fazendo uma reestruturação da área e precisa de um outro perfil.
RH - Aonde entra a liderança, quando o assunto é motivação de talentos?
Gilclér Regina - Não, ela não entra. Ela tem que estar dentro o tempo todo, atenta a todas as mudanças e situações. Ela deve se preocupar com a identificação da pessoa, a motivação individual e trabalhar isto para o contexto da equipe. Afinal, a empresa é equipe e ganha como equipe. Quem falar diferente disto não conhece do mundo corporativo. Quando os diretores sorriem, a empresa sorri. Quando o dire¬tor é feliz, a empresa é feliz. Quando a diretoria se estressa, a empresa se estressa. É óbvio, mas é isso aí. Quando falamos em motivação, entendemos que a liderança trabalha com dois horizontes. De um lado, os anseios de seus subordinados e do outro, os resul-tados que a empresa precisa. O caminho das pedras é achar o ponto de equilíbrio. O melhor profissional é aquele que consegue as duas coisas: A confiança da empresa no curto prazo e a confiança de seus subordinados no longo prazo. O profissional deve ser um pensador do seu negócio. Nesse caso, "pensar" significa medir o pulso da em¬presa, identificando suas necessidades e implantan¬do ações que gerem esforço e satisfação.
RH - Já a área de Recursos Humanos, como pode contribuir para que a motivação faça parte do dia a dia dos profissionais?
Gilclér Regina - As empresas costumam fazer sempre o mesmo questionamento: "Como é possível manter as equi¬pes motivadas?". "Como o RH pode trabalhar isto?". A motivação deve nascer dentro da empresa e ela em conjunto com o RH é responsável por criar programas que mantenham suas equipes com muita energia e mo¬tivação o tempo todo. Grande parte das empresas maiores tem área de RH e Treinamento, e acredito que mais de 60% explorem essa potencialidade. Os outros 40% que não lançam mão desse recurso são prova¬velmente as empresas que mais reclamam da desmo¬tivação de seus funcionários.
Por: Glicér Regina
Fonte: rh.com.br
Comunicação LCA Treinamentos
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