quarta-feira, 11 de março de 2015

Férias: até as lideranças precisam descansar!


Milhares de profissionais passam meses estruturando uma programação, fazendo contas, vendo quais são as melhores opções de lazer, tudo isso para aproveitar as tão esperadas férias. Contudo, para muitos, o merecido descanso não é tão simples assim e precisa ser pensado com calma, principalmente quando o profissional tem sob suas "mãos" a responsabilidadevde conduzir uma equipe. Ou seja, quando o líder prepara-se para entrar em período de férias, ele também precisa considerar fatores como: o tempo de ausência limite que não comprometa o desempenho do seu time, bem como deixar no seu "lugar" alguém capaz de responder por suas atribuições com total competência. Mas isso não é algo fácil de ser realizado na prática. O resultado: lideranças que evitam, ao máximo, aproveitar o merecido descanso para recuperar suas energias. 

De acordo com o consultor organizacional e autor do livro "A Nova Visão do Coaching na Gestão por Competências", lançado pela Editora Qualitymark, Paulo Roberto Menezes de Souza, a conscientização sobre desfrutar o período de férias está relacionada à cultura do país. No Japão, por exemplo, os funcionários têm direito a, pelo menos, dez dias de licença paga por ano, com um dia a mais por cada ano trabalhado até o limite máximo de 20 dias. E um em cada seis japoneses não utilizara nenhum dos dias devidos de férias. "A cultura na Europa é voltada mais para a qualidade de vida. Para se ter uma ideia o trabalhador médio francês tem pelo menos 37 dias garantidos por lei de licença paga a cada ano, e ele usa 93% disso, número similar aos de outras nações europeias. Enquanto isso, no Japão e nos Estados Unidos, a cultura é direcionada para resultados, produtividade e crescimento acelerado. Essa cultura molda o ritmo e o modelo de comportamento das pessoas", exemplifica o consultor, ao acrescentar que o Brasil é mais orientado pela cultura americana, o que faz com que copiemos esta rotina mais aguerrida e competitiva.

Em entrevista concedida ao RH.com.br, Paulo Roberto Menezes de Souza explica pontos fundamentais para quem deseja entrar em período de férias e relaxar durante esses dias, longe da empresa. Essas orientações apresentadas por ele, valem principalmente para os líderes que sentem dificuldade de se afastar do ambiente de trabalho com receio de que algo errado possa ocorrer, durante sua ausência temporária! Boa leitura!


RH.com.br - Por que entrar em período de férias é um processo complicado para muitas pessoas? 
Paulo Roberto Menezes de Souza - São diversas as razões, algumas por fatores externos como adequação de datas com a família ou compromissos na empresa. Outras internas como, por exemplo: modelo mental de não parar de trabalhar como vício, falta de planejamento, insegurança pessoal pela perda de importância na empresa por sua ausência e até mesmo por considerar que o mais importante na vida que tenha a fazer é mesmo o trabalho.

RH - E quando o profissional que está prestes entrar de férias é alguém que assume um cargo de liderança, quais são os fatores que mais preocupam o dirigente do time?
Paulo Roberto Menezes de Souza - As empresas já passaram pelo momento de enxugar, elas agora estão desidratadas e com isso as pessoas são responsáveis por mais do que eram há uma década. Os líderes atualmente possuem uma delegação muito maior e a cobrança por resultados aumenta a cada dia. A concorrência está cada vez mais agressiva e o mercado cada vez mais disputado. Aliado a isso, a quantidade e qualidade de pessoas disponíveis para serem contratadas é baixa, o que aumenta o desafio de atender a elevada demanda imposta por todo esse cenário.

RH - Apesar da conscientização de que as férias são necessárias para todo profissional, ainda é considerável o número de lideranças que se recusa a esse benefício? 
Paulo Roberto Menezes de Souza - Esta situação está diretamente ligada à cultura de cada país. No Japão, os empregados têm direito a, pelo menos, dez dias de licença paga por ano, com um dia a mais por cada ano trabalhado até o limite máximo de 20 dias. Na média, em 2013 um empregado tinha direito a 18,5 dias de férias, além dos 15 dias de feriados nacionais. Estamos falando do segundo menor tempo livre entre os países mais ricos, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, que contaram com dez feriados nacionais e sem a garantia legal de licença paga. Mas mesmo assim, neste mesmo ano, menos da metade dos japoneses usou o período total de férias a que tem direito, tendo em média gozado somente nove dos 18,5 dias de férias. E com o mais agravante, um em cada seis japoneses não utilizara nenhum dos dias devidos de férias. Já o trabalhador médio francês tem pelo menos 37 dias garantidos por lei de licença paga a cada ano, e ele usa 93% disso, número similar aos de outras nações europeias. A cultura na Europa é de qualidade de vida, enquanto que no Japão e nos Estados Unidos a cultura é de resultados, produtividade e crescimento acelerado. Essa cultura molda o ritmo e o modelo de comportamento das pessoas. O Brasil é mais orientado pela cultura americana, o que faz com que copiemos esta rotina mais aguerrida e competitiva.

RH - E em sua opinião, 30 dias é um tempo aconselhável para ficar longe do time ou as férias para uma liderança devem ser reduzidas? 
Paulo Roberto Menezes de Souza - Claro que 30 dias de férias não fazem mal a ninguém, pelo contrário, já é de conhecimento geral dos benefícios das férias, tanto para saúde física, emocional e até mesmo para melhora da produtividade, energia e criatividade. A questão é o momento que vivemos no Brasil. Um país jovem, comparado com a maioria das grandes nações, com grandes oportunidades que surgem a cada dia, porém imaturo, sob o ponto de vista econômico, jurídico, mercadológico e político, que produz insegurança interna e externa, com pessoas ainda despreparadas para as demandas atuais e sem estrutura para suportar crescimento. Este cenário dificulta que as pessoas que estejam em posições de liderança possam valer-se desse benefício de se ausentar por 30 dias corridos. Parte dos gestores já consegue ausentar-se de suas responsabilidades, fracionando suas saídas, em duas ou três vezes por ano. Então, o que está em jogo não é avaliar se é bom ou mal, mas de avaliar o momento de maturidade que temos para lidar com tais desafios que estamos enfrentando.

RH - As preocupações pertinentes aos líderes que tiram férias não é sinal de centralização de poder?
Paulo Roberto Menezes de Souza - Grande parte do Produto Interno Bruto (PIB) nacional é produzida pelas pequenas e médias empresas, que em sua maioria são familiares. Este fato já é suficiente para explicar a centralização de poder. Além disso, a falta de preparo dos líderes para lidar com tecnologias de gestão é flagrante. Parte considerável destes executivos é extremamente criativa, com alta capacidade empreendedora, mas carentes em Gestão do Negócio, em Finanças, Pessoas, Processos, entre outros. Se mesmo assim os executivos e empresários conseguem resultados surpreendentes, imagine se melhor preparados, o céu seria o limite.

RH - O empowerment não seria um aliado do líder que deseja desfrutar das férias com tranquilidade? 
Paulo Roberto Menezes de Souza - Não tenha dúvidas de que a descentralização de poderes é um antídoto poderoso para muitos males nas organizações, mas este processo carece de estratégia e planejamento. Para delegar faz-se necessário definir bem os papéis dos envolvidos, estabelecer os procedimentos e os processos adequadamente e preparar a equipe para que tenham maturidade suficiente para assumir as tarefas e as responsabilidades que vêm neste pacote de delegação. Além disso, para que uma pessoa receba delegação, ela precisa saber fazer (conhecimento), querer fazer (motivação) e poder fazer (condições). Para isso é fundamental o treinamento, a gestão do clima e a implantação ou revisão dos processos, instalações, headcount e equipamentos adequados.

RH - O que nunca um líder que está prestes a entrar de férias deve fazer?
Paulo Roberto Menezes de Souza - Acredito que sair de férias sem o devido planejamento e preparo de um substituto é desastroso. As férias serão totalmente entrecortadas por atendimento telefônico, respostas via e-mail, reuniões pela internet e por aí vai. Provavelmente será difícil manter-se totalmente fora do ar, mas um bom planejamento poderá minimizar ao máximo as interrupções no descanso.

RH - O líder deve disponibilizar, pelo menos, um celular para que sua equipe possa consultá-lo em casos de extrema necessidade? 
Paulo Roberto Menezes de Souza - Os telefones facilitam muito o acesso direto às pessoas, por isso mesmo a recomendação é de que em casos de necessidade seja utilizado o e-mail. Para escrever as pessoas são mais objetivas e se evita o debate, fazendo com que as perguntas e as soluções sejam mais diretas e rápidas. 

RH - Que sugestões o senhor daria a uma liderança que pretende programar as férias e deseja descansar, sem pensar em trabalho?
Paulo Roberto Menezes de Souza - No caso desta possibilidade, o ideal é realmente dispensar os equipamentos que possam mantê-lo conectado como celular, e-mail e internet. Existem vários hotéis em lugares com difícil acesso à internet, o que facilita para que não se caia em tentação de manter contatos.


(*)Por: Paulo Roberto de Souza -C onsultor organizacional e autor do livro "A Nova Visão do Coaching na Gestão por Competências", lançado pela Editora Qualitymark.
Fonte: rh.com
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