Quando se decide por trilhar os caminhos e superar os desafios oferecidos por uma profissão, o indivíduo precisa estar consciente de que o desenvolvimento contínuo sempre fará parte de sua trajetória. E quando nos referimos ao aprimoramento de competências, sejam estas técnicas ou comportamentais, é fundamental que o talento tenha em mente que não é apenas a empresa que precisa mobilizar-se para que isso ocorra. O indivíduo deve ter uma percepção de que ele, principalmente, é o responsável pelo seu crescimento. Muitas vezes, as organizações oferecem as ferramentas, os recursos, mas esses poucos são aproveitados e quando o são, deixam de se aplicados na prática - o que garantiria a continuação do aprendizado profissional.
Mas, por que falar tanto sobre o desenvolvimento de talentos? Porque esse impacta diretamente na empregabilidade deste frente ao mercado de trabalho. De acordo com Marcelino Tadeu de Assis, professor de extensão, graduação e pós-graduação no campo da Gestão de Pessoas. Consultor e escritor, para se manter empregável é preciso ter uma formação sólida e no mundo globalizado, o domínio de línguas certamente ajuda o indivíduo a se manter conectado e a ampliar suas oportunidades no mercado. "Um conjunto de formação, de atualização e de atitudes diante do trabalho, ou seja, o indivíduo que percebe o trabalho como algo que satisfaz uma necessidade dele de construir, pois ele não trabalha para uma outra pessoa, apenas para uma empresa, mas sim trabalha algo que o encanta que o satisfaz. E quando somamos todos esses fatores, a empregabilidade do profissional eleva-se", assegura o escritor.
Marcelino Tadeu de Assis é um dos palestrantes da 8ª edição do ConviRH (Congresso Virtual de Recursos Humanos), evento promovido pelo RH.com.br, no período de 15 a 30 de maio próximo. Na oportunidade, ele conduzirá a palestra em vídeo "Recompensar e reconhecer no contexto organizacional: desafios e oportunidades". Confira a entrevista com Marcelino Tadeu de Assis e avalie como está a sua empregabilidade e o que você pode fazer para melhorá-la diante do mercado. Boa leitura!
RH.com.br - O que podemos compreender como empregabilidade?
Marcelino Tadeu de Assis - Empregabilidade nada mais é do que a condição de um indivíduo em obter trabalho, um emprego, dentro de suas expectativas ou necessidades. É a capacidade que o profissional tem de conquistar e de ir à busca de um emprego, de uma oportunidade no mercado que realmente lhe interessa. E quanto mais o indivíduo investe em seu desenvolvimento, muito provavelmente ele terá um diferencial competitivo que aumentará suas chances em relação às demais pessoas, que como ele, também desejam um espaço no mercado.
RH - Na última década, as pessoas passaram a mostrar uma maior preocupação com a empregabilidade?
Marcelino Tadeu de Assis - Durante algum tempo contamos com a Lei 6297, que concedia vantagem fiscal para treinamentos e investimentos em capacitação. Esse incentivo ampliava a possibilidade de treinamentos, a criação de bibliotecas nas empresas, viagens e afins. No governo Fernando Collor tal lei foi extinta e, a partir daí, os investimentos das empresas passou a ser muito mais seletivo. Ocorreu, então, uma mudança no mercado. Isso implicou em um dever de cada empregado ou trabalhador em geral, em se manter ativo e capaz de assumir responsabilidades em relação ao seu desenvolvimento, gerando certa preocupação em relação à empregabilidade.
RH - A empregabilidade deve ser vista como um processo em constante desenvolvimento?
Marcelino Tadeu de Assis - Sempre costumo enfatizar que a necessidade de aprendizado do ser humano nunca termina. Isso porque estamos, permanentemente, buscando inovações e um RHepensar dos processos, dos produtos e dos serviços que nos vemos envolvidos.
RH - Devemos fazer uma diferenciação entre um profissional empregável e outro com alta empregabilidade?
Marcelino Tadeu de Assis - Vou responder essa sua pergunta, citando fatos que estão sendo evidenciados pela realidade nacional. Atingimos, recentemente, uma taxa de desempenho na ordem de 4,5%. Isso significa uma expressiva demanda por profissionais, o que não significa grande oferta de bons empregos; não significa trabalho com nível elevado de remuneração. Níveis baixos indicam muito trabalho disponível e com diferentes níveis compensatórios. Engenheiros vivem excesso de demanda, baixa oferta de profissionais e um bom nível de salário. Essa combinação não se dá em toda a força de trabalho, exceto para o nicho formado por empregados de alta empregabilidade.
RH - Quais os fatores que aumentam as chances de empregabilidade de um talento?
Marcelino Tadeu de Assis - Sem dúvida algumas devemos destacar a boa formação, bom domínio da língua portuguesa e, principalmente, do inglês; domínio da Tecnologia de Informação; competência lógico matemática e linguística. Em alguns mercados, a idade ‘baixa' é um diferencial, que pode, por vezes, permitir que se abra mão da experiência; uma boa apresentação - e isso é um julgamento subjetivo importante - pode complementar esse conjunto complexo de atributos que aumentam a empregabilidade.
RH - O desenvolvimento das competências comportamentais aumenta significativamente a empregabilidade de um talento?
Marcelino Tadeu de Assis - Claro! Sem dúvida alguma se torna um diferencial para quem deseja ter uma empregabilidade em alta. A preocupação com o desenvolvimento das competências comportamentais demonstra que o indivíduo se conhece mais e, assim, sabe lidar melhor com os desafios dos diferentes negócios. E isso, tornou-se fundamental para as empresas que buscam profissionais que agregam diferenciais.
RH - E o que enfraquece a empregabilidade de um profissional?
Marcelino Tadeu de Assis - A empregabilidade pode ser comprometida pela visível imagem de pouco comprometido com o trabalho; com uma visão pouco preocupada com as mudanças, com as transformações. Também pode ser prejudicada por aquele profissional que depende do controle externo do seu comportamento.
RH - Quais os métodos que mais utilizados para aumentar as chances de empregabilidade no mercado?
Marcelino Tadeu de Assis - Em muitas coisas na vida, menos se torna mais. Contudo, isso não vale, por exemplo, para educação, entusiasmo, dedicação e senso de compromisso - fatores que aumentam substancialmente a empregabilidade de um talento.
RH - O uso das redes sociais pesa na empregabilidade de um profissional?
Marcelino Tadeu de Assis - A presença da tecnologia e das redes sociais já é fator comum na vida de milhões de profissionais de vários segmentos e que estão, nesse exato momento, nos mais longínquos locais do planeta. Lavando as redes sociais para o campo profissional se a visibilidade for positiva, sim. Do contrário é um tiro no pé. Tudo dependerá como o profissional utiliza-se desse recurso que hoje é acessível a qualquer hora e em qualquer lugar.
RH - Um profissional que se preocupa com sua empregabilidade e investe nela, tema mais chances de ser valorizado pela empresa em que atua?
Marcelino Tadeu de Assis - Se o indivíduo não se valoriza, dificilmente encontrará alguém que o faça. Então, a preocupação e o investimento com empregabilidade devem ser constantes. Se você parar de se preocupar com seu espaço no mercado, perderá espaço até mesmo em questões de minutos, pois milhares de outras pessoas concorrentes estarão trabalhando em prol de seus desenvolvimentos.
Por:Patrícia Almeida
Mestre em Administração, pós-graduada em Gestão de Pessoas pela Fundação Dom Cabral e Psicóloga atuante na área de Recursos Humanos há 14 anos.
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