sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Comunicação interpessoal: uma mola propulsora para uma carreira de sucesso





Milhares de profissionais preparam-se durante anos para conquistarem um espaço no mercado de trabalho e, consequentemente, terem uma carreira promissora. Possuem em seus currículos títulos respeitáveis, mas isso não lhes assegura o sucesso que sempre desejaram conquistar. 
Em alguns casos, isso acontece porque há pessoas que têm dificuldades de estabelecer uma boa comunicação na empresa e, diga-se de passagem, isso reflete na forma como os seus pares e os próprios líderes percebem esses talentos no dia a dia.


Em entrevista ao RH.com.br, Reinado Passadori, professor e diretor do Instituto Passadori de Educação Corporativa, afirma que tornou-se indispensável desenvolver a capacidade de se comunicar em todos os níveis, quer seja para um pequeno ou grande grupo de pessoas, quer seja em uma situação formal ou informal, em um ambiente social ou profissional. "Além das diferenças pessoais, há ainda outros problemas relacionados à forma de falar, tais como a prolixidade, vocabulário limitado, erros gramaticais, problemas relacionados à voz", assinala ao se referir às dificuldades que alguns indivíduos encontram no momento de se comunicar. Confira a entrevista na íntegra e tenha uma agradável leitura!


RH.com.br - Há pessoas que têm tudo para deslanchar na carreira, mas esbarram em um obstáculo: não conseguem estabelecer uma boa comunicação. A dificuldade de se fazer entender está presente em variadas profissões e diferentes níveis hierárquicos ou é mais assídua em casos específicos?
Reinaldo Passadori - Concordo. Há pessoas com muita informação técnica, conhecimento teórico, certificados de graduação, pós-graduação e até MBA, incluindo experiências internacionais. Não decolam porque a formação completa exige outras formações e o desenvolvimento de competências e habilidades normalmente não ensinadas na formação acadêmica normal. Para que um profissional seja mais completo e consiga, com muito mais facilidade deslanchar na carreira, e isso significa não só se manter em um bom emprego, mas crescer em um mundo que se torna cada vez mais competitivo, precisa desenvolver esses recursos, dentre os quais destaco a capacidade de se comunicar em todos os níveis, quer seja para um pequeno ou grande grupo de pessoas, quer seja em uma situação formal ou informal, em um ambiente social ou profissional.



RH - Quais são os fatores que complicam a vida dos profissionais, quando o assunto é "tornar-se um bom comunicador"?
Reinaldo Passadori - Para se tornar um bom comunicador, é fundamental reconhecer que somos todos diferentes como indivíduos. Cada um carrega a sua verdade, fruto de todo o aprendizado. E dos estímulos recebidos durante a vida, desde aspectos culturais, tradições, a educação recebida pela família, pela escola, pelos ambientes sociais, pelos pais, pelos familiares. Além das diferenças pessoais, há ainda outros problemas relacionados à forma de falar, tais como a prolixidade, vocabulário limitado, erros gramaticais, problemas relacionados à voz, por exemplo: velocidade acelerada, dicção ruim, volume muito baixo ou muito alto, ausência de gestos ou expressão corporal. Quaisquer dessas limitações podem complicar a vida de um profissional, quando precisa se comunicar com outras pessoas. Lembre-se que todos precisam se comunicar e bem.



RH - Em sua opinião de zero a dez, qual a nota que o senhor atribuiria ao quesito comunicação - considerando-a como um fator de ascensão profissional?
Reinaldo Passadori - Penso na nota dez e por uma simples razão. Há 28 anos ajudamos profissionais a enfrentarem essas limitações relacionadas à comunicação. Treinamos mais de 60 mil pessoas. Em sua maioria, pessoas com grande capacidade intelectual, entretanto com muitas limitações em mostrar efetivamente esse potencial, como se fossem muito menos capacitados do que realmente eram. Isso porque não sabiam se comunicar bem.



RH - Então, podemos considerar a comunicação como uma "mola propulsora" para uma carreira? 
Reinaldo Passadori - Sem dúvida alguma. Ou a pessoa mostra o que é, o que sabe, o que pensa e o que sente ou assumirá cargos de inferiores à sua competência. Conhecemos e eu o desafio a pensar em pessoas que conhecem muito e se comunicam pouco e de outro lado, pessoas que conhecem o suficiente e se comunicam bem. Quem, na vida prática consegue os melhores resultados? A resposta a essa pergunta, certamente você sabe. Pode ser que ela esteja aí, bem pertinho de você.



RH - Se a comunicação tornou-se fundamental para uma carreira promissora, como as pessoas que sentem dificuldade de se expressar podem vencer essa barreira?
Reinaldo Passadori - Se temos um problema e o identificamos, podemos tomar duas decisões. Ou enfrentá-lo ou justificar eventuais fracassos ou limites, normalmente procurando culpar alguém ou jogar a responsabilidade em algum contexto externo. Se você é daqueles que querem mais da vida e estão dispostos às grandes conquistas, prestígio, sucesso - qualquer que seja a forma que o conceba, reconhecimento, não há outro jeito a não ser ir adiante com um projeto de desenvolvimento da sua habilidade de comunicação verbal. A forma mais simples e, certamente mais econômica, é fazendo um curso com pessoas devidamente preparadas para ajudá-lo nesse projeto.



RH - Além dos recursos que são oferecidos pelo mercado como cursos de oratória, que outras ferramentas devem ser usadas para que a pessoa torne-se comunicativa?
Reinaldo Passadori - Após aprender como fazer, treinar, treinar, treinar. Só a prática leva à perfeição - vemos isso com artistas, esportistas, pessoas que se dedicam e se tornam excelentes em sua área de atuação. Além disso, aproveitar as oportunidades que surgirem para falar, notadamente em público, situações na empresa, reuniões, atendimento a clientes, dando cursos, proferindo palestras. Aprenda a contar piadas, histórias - muito em moda atualmente no contexto de historytelling, leia livros ou textos em voz alta para treinar a interpretação, faça um questionário e responda as perguntas de maneiras diferentes. Use a sua criatividade e certamente terá muitas formas para desenvolver essa habilidade.



RH - Profissionais tímidos podem ser bons comunicadores? 
Reinaldo Passadori - Sim, podem, mesmo porque ninguém nasceu tímido. Há certas tendências de comportamentos de uma pessoa mais recatada ou quieta, mas com recursos apropriados, orientação ajustada a cada caso, creio que todos podem superar limitações de timidez - ou fobias sociais - para falar com propriedade, elegância e naturalidade em qualquer contexto. É como na música - algumas pessoas nasceram com mais facilidade do que outras, mas todos podem, com maior ou menor esforço, conseguirem bons resultados.



RH - Sabemos que falar demais não é sinônimo de estabelecer um bom canal de comunicação. Manter uma postura mais "fechada" ajuda ou complica a vida do profissional? 
Reinaldo Passadori - Quando você pergunta sobre manter uma postura mais fechada, entendo a boca mais fechada. Concordo com isso, pois muitas vendas foram e são perdidas por excesso de comunicação. Há de se ter o bom sendo de falar o suficiente e permitir que outros falem também. Um diálogo ocorre quando um fala e o outro ouve e vice-versa. Não podemos pressupor, a não ser em casos específicos, tais como palestras ou aulas, que um fale e o outro apenas escute. Trabalhar a empatia - mais importante do que a simpatia, conhecer sobre os assuntos de forma geral, estar conectado com o mundo, participar de redes sociais, ter bom humor, saber organizar e expor com clareza e objetividade os pensamentos é um bom caminho para isso.



RH - O que caracteriza um talento que sabe fazer-se entender no ambiente organizacional?
Reinaldo Passadori - Entendo que se percebe um talento pelos resultados que consegue obter: reuniões produtivas, negociações bem feitas, liderança compartilhada, vendas efetivas, criar e manter um bom clima organizacional, falar bem, com técnica, elegância e naturalidade em todo e qualquer contexto que seja necessário.



RH - Em seus cursos e palestras, o senhor sempre pontua um aspecto que ajuda a estabelecer bons relacionamentos no trabalho: a cortesia. Ser atencioso está caindo no esquecimento, frente a tanta pressão que se vivencia? 
Reinaldo Passadori - Não creio que a gentileza e a cortesia estejam caindo no esquecimento. O que noto é que a velocidade das nossas ações e do mundo no qual vivemos está tão acelerada, impulsionada pela tecnologia, a internet, as redes sociais, as necessidades do mundo moderno transformaram a gentileza paciente e amorosa em assertividade, em comunicação rápida, embora reconheço que muitas pessoas precisariam de um pouco de reforço na sua educação fundamental.



RH - O senhor poderia deixar uma mensagem final para aqueles que se sentem prejudicados profissionalmente, por não conseguirem estabelecer uma boa comunicação no dia a dia corporativo?
Reinaldo Passadori - Sim, claro. A recomendação é: faça a sua parte e também por merecer. Isso exige esforço, determinação, garra, boa vontade, disciplina, autoconfiança e a crença extraordinária que você pode ter em você mesmo. Lembre-se de que você é uma pessoa poderosa e pode tanto quanto o tamanho dos seus sonhos. Saiba que não somos valorizados pelo que sabemos, mas pelo que fazemos daquilo que sabemos.

Por: Patrícia Bispo
Formada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo, pela Universidade Católica de Pernambuco/Unicap.

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