Milhares de profissionais preparam-se durante anos para conquistarem um
espaço no mercado de trabalho e, consequentemente, terem uma carreira
promissora. Possuem em seus currículos títulos respeitáveis, mas isso não lhes
assegura o sucesso que sempre desejaram conquistar.
Em alguns casos, isso
acontece porque há pessoas que têm dificuldades de estabelecer uma boa
comunicação na empresa e, diga-se de passagem, isso reflete na forma como os
seus pares e os próprios líderes percebem esses talentos no dia a dia.
Em
entrevista ao RH.com.br, Reinado Passadori, professor e diretor do Instituto
Passadori de Educação Corporativa, afirma que tornou-se indispensável
desenvolver a capacidade de se comunicar em todos os níveis, quer seja para um
pequeno ou grande grupo de pessoas, quer seja em uma situação formal ou
informal, em um ambiente social ou profissional. "Além das diferenças pessoais,
há ainda outros problemas relacionados à forma de falar, tais como a
prolixidade, vocabulário limitado, erros gramaticais, problemas relacionados à
voz", assinala ao se referir às dificuldades que alguns indivíduos encontram no
momento de se comunicar. Confira a entrevista na íntegra e tenha uma agradável
leitura!
RH.com.br - Há pessoas que têm tudo para deslanchar na
carreira, mas esbarram em um obstáculo: não conseguem estabelecer uma boa
comunicação. A dificuldade de se fazer entender está presente em variadas
profissões e diferentes níveis hierárquicos ou é mais assídua em casos
específicos?
Reinaldo Passadori - Concordo. Há pessoas com
muita informação técnica, conhecimento teórico, certificados de graduação,
pós-graduação e até MBA, incluindo experiências internacionais. Não decolam
porque a formação completa exige outras formações e o desenvolvimento de
competências e habilidades normalmente não ensinadas na formação acadêmica
normal. Para que um profissional seja mais completo e consiga, com muito mais
facilidade deslanchar na carreira, e isso significa não só se manter em um bom
emprego, mas crescer em um mundo que se torna cada vez mais competitivo, precisa
desenvolver esses recursos, dentre os quais destaco a capacidade de se comunicar
em todos os níveis, quer seja para um pequeno ou grande grupo de pessoas, quer
seja em uma situação formal ou informal, em um ambiente social ou
profissional.
RH - Quais são os fatores que complicam a vida dos
profissionais, quando o assunto é "tornar-se um bom
comunicador"?
Reinaldo Passadori - Para se tornar um bom
comunicador, é fundamental reconhecer que somos todos diferentes como
indivíduos. Cada um carrega a sua verdade, fruto de todo o aprendizado. E dos
estímulos recebidos durante a vida, desde aspectos culturais, tradições, a
educação recebida pela família, pela escola, pelos ambientes sociais, pelos
pais, pelos familiares. Além das diferenças pessoais, há ainda outros problemas
relacionados à forma de falar, tais como a prolixidade, vocabulário limitado,
erros gramaticais, problemas relacionados à voz, por exemplo: velocidade
acelerada, dicção ruim, volume muito baixo ou muito alto, ausência de gestos ou
expressão corporal. Quaisquer dessas limitações podem complicar a vida de um
profissional, quando precisa se comunicar com outras pessoas. Lembre-se que
todos precisam se comunicar e bem.
RH - Em sua opinião de zero a dez, qual a nota que o senhor
atribuiria ao quesito comunicação - considerando-a como um fator de ascensão
profissional?
Reinaldo Passadori - Penso na nota dez e por
uma simples razão. Há 28 anos ajudamos profissionais a enfrentarem essas
limitações relacionadas à comunicação. Treinamos mais de 60 mil pessoas. Em sua
maioria, pessoas com grande capacidade intelectual, entretanto com muitas
limitações em mostrar efetivamente esse potencial, como se fossem muito menos
capacitados do que realmente eram. Isso porque não sabiam se comunicar bem.
RH - Então, podemos considerar a comunicação como uma
"mola propulsora" para uma carreira?
Reinaldo Passadori -
Sem dúvida alguma. Ou a pessoa mostra o que é, o que sabe, o que pensa e o que
sente ou assumirá cargos de inferiores à sua competência. Conhecemos e eu o
desafio a pensar em pessoas que conhecem muito e se comunicam pouco e de outro
lado, pessoas que conhecem o suficiente e se comunicam bem. Quem, na vida
prática consegue os melhores resultados? A resposta a essa pergunta, certamente
você sabe. Pode ser que ela esteja aí, bem pertinho de você.
RH - Se a comunicação tornou-se fundamental para uma carreira promissora,
como as pessoas que sentem dificuldade de se expressar podem vencer essa
barreira?
Reinaldo Passadori - Se temos um problema e o
identificamos, podemos tomar duas decisões. Ou enfrentá-lo ou justificar
eventuais fracassos ou limites, normalmente procurando culpar alguém ou jogar a
responsabilidade em algum contexto externo. Se você é daqueles que querem mais
da vida e estão dispostos às grandes conquistas, prestígio, sucesso - qualquer
que seja a forma que o conceba, reconhecimento, não há outro jeito a não ser ir
adiante com um projeto de desenvolvimento da sua habilidade de comunicação
verbal. A forma mais simples e, certamente mais econômica, é fazendo um curso
com pessoas devidamente preparadas para ajudá-lo nesse projeto.
RH - Além dos recursos que são oferecidos pelo mercado como
cursos de oratória, que outras ferramentas devem ser usadas para que a pessoa
torne-se comunicativa?
Reinaldo Passadori - Após aprender
como fazer, treinar, treinar, treinar. Só a prática leva à perfeição - vemos
isso com artistas, esportistas, pessoas que se dedicam e se tornam excelentes em
sua área de atuação. Além disso, aproveitar as oportunidades que surgirem para
falar, notadamente em público, situações na empresa, reuniões, atendimento a
clientes, dando cursos, proferindo palestras. Aprenda a contar piadas, histórias
- muito em moda atualmente no contexto de historytelling, leia livros ou textos
em voz alta para treinar a interpretação, faça um questionário e responda as
perguntas de maneiras diferentes. Use a sua criatividade e certamente terá
muitas formas para desenvolver essa habilidade.
RH - Profissionais tímidos podem ser bons comunicadores?
Reinaldo Passadori - Sim, podem, mesmo porque ninguém
nasceu tímido. Há certas tendências de comportamentos de uma pessoa mais
recatada ou quieta, mas com recursos apropriados, orientação ajustada a cada
caso, creio que todos podem superar limitações de timidez - ou fobias sociais -
para falar com propriedade, elegância e naturalidade em qualquer contexto. É
como na música - algumas pessoas nasceram com mais facilidade do que outras, mas
todos podem, com maior ou menor esforço, conseguirem bons resultados.
RH - Sabemos que falar demais não é sinônimo de estabelecer
um bom canal de comunicação. Manter uma postura mais "fechada" ajuda ou complica
a vida do profissional?
Reinaldo Passadori - Quando você
pergunta sobre manter uma postura mais fechada, entendo a boca mais fechada.
Concordo com isso, pois muitas vendas foram e são perdidas por excesso de
comunicação. Há de se ter o bom sendo de falar o suficiente e permitir que
outros falem também. Um diálogo ocorre quando um fala e o outro ouve e
vice-versa. Não podemos pressupor, a não ser em casos específicos, tais como
palestras ou aulas, que um fale e o outro apenas escute. Trabalhar a empatia -
mais importante do que a simpatia, conhecer sobre os assuntos de forma geral,
estar conectado com o mundo, participar de redes sociais, ter bom humor, saber
organizar e expor com clareza e objetividade os pensamentos é um bom caminho
para isso.
RH - O que caracteriza um talento que sabe fazer-se entender
no ambiente organizacional?
Reinaldo Passadori - Entendo que se percebe um
talento pelos resultados que consegue obter: reuniões produtivas, negociações
bem feitas, liderança compartilhada, vendas efetivas, criar e manter um bom
clima organizacional, falar bem, com técnica, elegância e naturalidade em todo e
qualquer contexto que seja necessário.
RH - Em seus cursos e palestras, o senhor sempre pontua um
aspecto que ajuda a estabelecer bons relacionamentos no trabalho: a cortesia.
Ser atencioso está caindo no esquecimento, frente a tanta pressão que se
vivencia?
Reinaldo Passadori - Não creio que a gentileza e a cortesia
estejam caindo no esquecimento. O que noto é que a velocidade das nossas ações e
do mundo no qual vivemos está tão acelerada, impulsionada pela tecnologia, a
internet, as redes sociais, as necessidades do mundo moderno transformaram a
gentileza paciente e amorosa em assertividade, em comunicação rápida, embora
reconheço que muitas pessoas precisariam de um pouco de reforço na sua educação
fundamental.
RH - O senhor poderia deixar uma mensagem final para aqueles que se sentem
prejudicados profissionalmente, por não conseguirem estabelecer uma boa
comunicação no dia a dia corporativo?
Reinaldo Passadori -
Sim, claro. A recomendação é: faça a sua parte e também por merecer.
Isso exige esforço, determinação, garra, boa vontade, disciplina, autoconfiança
e a crença extraordinária que você pode ter em você mesmo. Lembre-se de que você
é uma pessoa poderosa e pode tanto quanto o tamanho dos seus sonhos. Saiba que
não somos valorizados pelo que sabemos, mas pelo que fazemos daquilo que
sabemos.
Por: Patrícia Bispo
Formada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo, pela Universidade Católica de Pernambuco/Unicap.
Formada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo, pela Universidade Católica de Pernambuco/Unicap.
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