domingo, 23 de outubro de 2011

Existe crítica construtiva?


Crítica vem do grego ckritike, que quer dizer "apreciação minuciosa". Significa processo de purificação. Dizem os entendidos que a palavra origina-se na prática de purificar o ouro: trata-se de derreter (destruir) o minério bruto e natural, a fim de retirar suas impurezas, para aproveitar somente à parte purificada, para que o minério adquira valor.

Por isso, aprendemos desde cedo a rejeitar a palavra crítica, entendendo-a de como uma expressão negativa.
Existem dois tipos de críticas: aquelas que todos estamos acostumados a associar a algo negativo, chamadas de "críticas destrutivas"; e as que têm como objetivo, encorajar a pessoa a melhorar, reforçar e desenvolver aptidões, a esta critica chamamos de crítica construtiva ou "feedback".

Uma das funções mais exercitadas na vida de qualquer ser humano é a crítica. Cultivamos o hábito de apontar erros, enxergar falhas, descobrir defeitos. Observando o gesto correspondente à crítica (um dedo apontado para frente e três em nossa direção), é importante notar que ele nos orienta para a autocrítica.

A crítica nunca é bem recebida, nunca é bem aceita porque o nosso ângulo de tolerância é muito reduzido, é muito escasso, o que nos faz discordar na maioria das vezes da opinião do outro, a nossa opinião sempre é a mais certa, é a mais lógica, é a mais inteligente. Quanta pretensão!
Devemos aprender a tirar a carapuça de eterna vítima injustiçada e alem de aceitar, compreender a crítica, que pode ser extremamente construtiva tanto para o lado pessoal quanto profissional.
Em minha opinião o grande problema não é a critica propriamente dita, mas "quem" a está fazendo e a tônica que está sendo utilizada.

Existem momentos certos para se fazer uma critica, e no calor do expediente ou da situação com certeza não é um deles. Já não é fácil fazer críticas construtivas, imagine quando estamos intoxicados emocionalmente pela pressão diária por resultados e perfeição. Neste ambiente toda a forma de critica se torna destrutiva, e acaba se transformando numa forma de bronca.

A crítica construtiva se caracteriza por apresentar o lado positivo, deve funcionar como uma alavanca para o desenvolvimento da outra pessoa e não simplesmente falar mal do trabalho ou da atitude do outro. A critica deve ser uma ferramenta de desenvolvimento e não de punição. A pessoa deve perceber que a critica tem fundamento e lhe ajudará em seu desenvolvimento pessoal ou profissional e não está sendo utilizada como ferramenta de manipulação e poder.

A crítica construtiva deve sempre deixar uma sensação de euforia e vontade de se reinventar, acertar aquelas arestas que ainda denunciam algumas imperfeições. Faz com que agradeçamos aquela pessoa que nos abriu os olhos contribuindo para o nosso sucesso, de forma desprendida e desinteressada.

Já a crítica destrutiva, é amarga, descortina medos e anseios pessoais, pode deixar seqüelas psicológicas nós faz sentir envergonhados por tentarmos fazer qualquer coisa de útil. A crítica destrutiva congela futuras pretensões de fazer a diferença. Nos torna medíocres e temerosos.
Uma critica nunca deve humilhar ou abalar a auto-estima de alguém, pois ninguém que se julga um incompetente traz retorno.

A pior de todas as críticas é sem dúvida a crítica destrutiva, disfarçada de crítica construtiva.
Um espetacular exemplo sobre a questão da critica foi dado por um pastor que falou sobre o assunto aos seus fieis.
O pastor compareceu ante o auditório superlotado, carregando uma caixa. Após cumprimentar os presentes, retirou tudo de sobre a mesa, deixando somente a toalha branca. Em silêncio, acendeu uma poderosa lâmpada, enfeitou a mesa com dezenas de jóias e várias dúzias de flores. Logo após, apanhou da caixa diversas figuras de inexprimível beleza, representando motivos edificantes, e enfileirou-os com graça. Em seguida, situou na mesa um exemplar do Novo Testamento em capa dourada.

Depois, assombrando a todos, colocou no centro da mesa um pequeno sapo. Só então iniciou sua apresentação, perguntando:
- O Que vocês vêm aqui, meus irmãos? E a assembléia respondeu, em vozes discordantes:
Um bicho! Um sapo horrível! Um animal nojento! Um pequeno monstro!
Esgotados os comentários, o pregador concluiu:
- Assim é o espírito da crítica destrutiva, meus amigos! Não enxergastes o forro de seda lirial, nem as flores, nem as jóias, nem as preciosidades, nem o Novo Testamento, nem a luz faiscante que acendi. . Vistes apenas o diminuto anfíbio...
E concluiu sorridente: Nada mais tenho a dizer...

No exemplo acima percebemos que na maioria das vezes não enxergamos o quadro geral apenas nos atemos aos detalhes que nos "saltam" aos olhos. Transformando processo da critica em um ponto de vista pessoal baseada em nossas próprias crenças, valores e preconceitos.

Não minha opinião não existe "crítica positiva", é uma visão míope e imprópria: crítica positiva não é critica é elogio maquiado, o valor da crítica está em sua face negativa, não há como criticar sem desconstruir. A crítica está ligada ao nobre processo de purificação. Ou seja, a destruição.
Eu não conheço ninguém que goste de ser criticado, mas também não conheço ninguém que não goste de criticar. A critica tende a demonstrar o erro e as pessoas não gostam de admitir que estejam erradas.
Como disse Schrevelius "Criticar, todos sabem".

A questão se concentra em "como" e "quem" está fazendo esta critica.
O "como" é caracterizado pelo ambiente, momento, tom de voz, fatos apresentados e etc. Já o "quem" se resume simplesmente a confiança, se você respeita e acredita naquela pessoa está lhe dizendo isso ou aquilo.

Essa equação raramente "fecha", pois as pessoas geralmente não esperam para despejarem suas criticas sobre alguém, fazem isso nos momentos mais impróprios, de modo autoritário e muitas vezes sem dados suficientes que sustentem o que estão falando, tornando a critica numa acusação. O fato de que mais de 90% das criticas que você recebe derivam da sua família, professores, Igrejas e chefes e que a hierarquia não vem necessariamente acompanhada de confiança, ou seja, estas pessoas possuem o poder, mas nem por isso gozam de sua confiança cria uma situação extremamente conflitante em relação aos benefícios das criticas.

As pessoas entendem como "Crítica Construtiva" aquela atitude de "aconselhar", mostrar as "falhas" do outro, para que ele melhore. É a prática de apontar o certo e o errado na vida de outras pessoas.
Mas, eu lhe pergunto: como alguém pode definir o que é certo ou errado, para outra pessoa? È muita prepotência de cada um de nós acreditar que somente nós estamos certos e que errado é sempre o outro, e por isso ele deve mudar.

Comportamos-nos como juizes de outra pessoa a ponto de querer que a nossa verdade seja a verdade do outro. Vivemos em uma época cheia de futilidades onde as pessoas defendem apenas seus próprios interesses, quem diz que você não esteja fazendo isso!

As pessoas são livres e têm o direito de não se comportar como querem os outros! De não querer se comportar de acordo com os "padrões pré-estabelecidos". Ninguém deve lhe impor outros padrões em nome de alguma pretensa verdade.

A crítica é um processo destrutivo que gera novas possibilidades de reconstrução. Essas possibilidades podem pender para a Edificação ou para a completa Aniquilação-Destruição. A Crítica é apenas o primeiro passo de um processo destrutivo. O passo seguinte já não é mais parte da crítica. Como no efeito dominó, é só uma conseqüência de algo iniciado pela crítica.
Por isso é essencial ter e manter opiniões próprias, para assim fugir do pensamento universal, onde todos são iguais. Esta uniformização é um dos caminhos mais curtos para eliminar o pensamento.
Toda a critica antes de construtiva é "descontrutiva" por natureza, obrigando que você reveja seus princípios e atitudes. Antes de construir você tem que destruir para somente depois reconstruir.
Então muito cuidado quando fizer e receber críticas.

Suce$$o

Por: Roberto Recinella

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Comunicação LCA Treinamentos & Consultoria

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